parar, ouvir e ver

"Não há — mas não é só em Portugal, é talvez na maioria dos países — uma justificação imediata da produção artística na sociedade. Quer dizer que o ter uma cultura artística — e a cultura é diferente da arte — não é [tido como] fundamental. Mas é fundamental! Por exemplo, aqueles povos analfabetos, os povos "exóticos" ditos anteriormente "primitivos", têm uma arte e a arte tem uma "função" social imediata. Todos sabem o que é e como se utiliza uma máscara. É fundamental. Os objectos artísticos são fundamentais. Não são utilizados, apreciados e valorizados por uma pequeníssima comunidade ou grupo. Não! É a sociedade inteira. Isso passa e é formador da cabeça, da inteligência do mundo dessas sociedades. Entre nós, aquilo a que se está a assistir é a qualquer coisa que não se deve confundir com isso e que é — para empregar as palavras de um filósofo americano, o [Arthur] Danto — uma banalização, uma espécie de transformação do objecto artístico em objecto cultural, o que é terrível. Os movimentos contrários existem também, mas, na generalidade, o que se está a espalhar pelo mundo é uma espécie de "gadgetização" do objecto artístico. E com isso perde-se imenso."
José Gil

O título da entrevista hoje publicada no Público, feita por Vanessa Rato a José Gil, a propósito da sua última aula, tem o sugestivo título "Há uma inteligência que só a arte nos dá e é fundamental", e nela ainda se pode ler sobre o bitoque para o qual fugimos porque não sabemos como lidar com a arte ou sobre o mundo dos pequenos gozadores, umbiguistas afastados do ascetismo necessário à passagem da fruição ao deleite ou nas cidades inteligentes e nas outras.
























máscaras de António Jorge


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