Quando a Ministra diz que temos que ser compreensivos com o dízimo imposto já nem é o “temos que fazer mais com menos” do outro que recordo. O que agora está a ser feito (e depos dito) é: não interessa o que fizeram do que contratualizámos
* — vão ter menos; não interessa o que estão a fazer — vão ter menos; não interessa o que iam fazer — vão ter menos. Este “menos” sugere a suspeita que podiamos mesmo ter menos desde o princípio.
Vai ser pior mas avancem.
Às vezes corta-se porque está mal. Às vezes corta-se porque se pensa que está mal. Às vezes corta-se porque se pensa que se pode cortar. Às vezes corta-se porque se tem de cortar. A referência ao “cego” quando fala em cortes é dela… O "tentar outra vez. falhar outra vez. falhar melhor." do Beckett não se aplica na política cultural do país. O que por aqui temos são tentativas sucessivas que falham e que cada vez falham mais e falham pior.
*”Fui independente durante 20 anos e nunca fiz um pedido de subsídio. Sabe porquê? Porque era contratada. E é isto que eu queria que no futuro os artistas tivessem: contratos, em vez de subsídios.” Disse a Ministra na entrevista ao Público. Adianta muito ter relações contratualizadas com a Ministra..
"Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor." in Pioravante Marche, de Samuel Beckett, tradução de Miguel Esteves Cardoso
Fotografia de Tom Fritsch.
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