mais dias isabelinos

mudança de casa












mudar a casa, cortar o cabelo e começar um caderno novo. sabem lá o bem que me faz. tomem nota de um novo endereço: https://maisdiasisabelinos.wordpress.com/

Isto somos nós...


No baile do "Por favor não me mordam o pescoço", só aparecem no espelho os que não são vampiros. Na instalação do Michelangelo Pistoletto só é estilhaçado quem (distanciado) vê pelo espelho. Imagens para estes dias: novos (antigos?) vampiros estão a quebrar-nos e nós dançamos o seu baile...

put the blame on... movies [1]


The last few days, I've been learning not to trust people and I'm glad I've failed. Sometimes we depend on other people as a mirror to define us and tell us who we are and each reflection makes me like myself a little more.

ou de como aqui vamos continuar a confiar na escolha dos espelhos.

​My Blueberry Nights (Wong Kar Wai, 2007)

um domingo à tarde pouco europeu... Should I stay or should I go now?

"Darling, you gotta let me know / Should I stay or should I go? / If you say that you are mine / I'll be there till the end of time / So you gotta let me know / Should I stay or should I go?

It's always tease, tease, tease / You're happy when I'm on my knees / One day is fine and the next is black / So if you want me off your back / Well, come on and let me know / Should I stay or should I go?

Should I stay or should I go now? / Should I stay or should I go now? / If I go there will be trouble / And if I stay it will be double / So come on and let me know

This indecision's bugging me / (Esta indecision me molesta) / If you don't want me set me free / (Si no quieres librame) / Exactly who I'm supposed to be / (Digame que tengo ser) / Don't you know which clothes even fits me? / (Sabes que ropa me queda) / Come on and let me know / (Me tienes que decir) / Should I cool it or should I blow? / (Me debo ir o quedarme)"

a ouvir em loop, a ler em loop, a viver em flop...

o meu mais feio do mundo pode andar de autocarro?

e hoje cruzei-me novamente com o ​meu mais feio do mundo. tenho como provar: as fotografias dele nas nossas viagens de autocarro atestam uma feiura tal que nem pode aumentar. feio como um daqueles alienígenas mal abonecados no espaço 1999. pele encaracolada atapetada em fios de cabelos perdidos. olhos lateralizados em escape de um eixo vertical, enquanto procuram manter-se em buracos não simetricamente escavados. magreza de ossos doentes que repelem a pele. calças enroladas num excesso de pano que não disfarça a inadequação do tamanho (des)favorecido por tecidos de cor clara que vão sujar ainda mais a memória. e escrevo isto mesmo sabendo que isso do feio não tem de acompanhar isto do sujo e daqui a nada perigosamente vou aproximar-me da imagem da repulsa...  o meu mais feio do mundo não tem nome. só se tem nome para que nos possam chamar, mas ninguém lhe vai fazer isso. chamar. vai soar sempre a chamar-lhe alguma coisa. o meu homem mais feio do mundo é. e deve poder ser. só tenho receio que pensem que isso da fealdade é uma doença… ou arma de fogo.

Ohhh…













ohhh… ok, ok.

ouvi uma maneira de falar rasteira que, do lado do silêncio, era tomar coragem para dizer um não depois de um não não dito? conversa descúmplice. isso não é nada, podias ter dito quando viste qual ia ser a sua reacção. o que ele te está a fazer é inaceitável, aceitares que to faça, torna-te o quê? compreende, já não posso confiar em ti. disseste-me, há duas semanas, que o íamos fazer, confirmaste todos os dias. e agora? hoje! está tudo marcado para amanhã... uma (a)final vida rasteira que mais do que ser dita baixo para não ser ouvida deste lado, é sussurrada para que o lado de lá entenda a dimensão da gravidade que faz essa falsa profunda necessidade que ninguém nos ouça, que ninguém saiba o que se está a passar. ali, ao telefone, no meu café.

e depois escrevi a minha lista do que podia estar a ser desmarcado. ohhh, não a vou divulgar.

Roy Lichtenstein, Ohhh… Alright…, 1964











E hoje mata-se o quê?




















O Largo da Portagem de Coimbra, do Joaquim António de Aguiar - Mata Frades assente em jardins não escanhoados, continua a albergar um Banco de Portugal. "Olha os gregos a assaltarem os bancos", anunciava hoje uma alta (em saltos, pois...) funcionária de uma outra banca que, em asno regozijo, mostrava imagens no seu telemóvel maior do que o livro de bolso que não lê, o boletim de voto dobrado que não assinala ou a palma da mão que não estende. A democracia não pára de nos creditar esperança; os tempos (as pessoas?) não param de debitar-nos esperança.

A fotografia é do pai do Rui Pato. 

e ao sétimo dia...
















... voltou. porque os sete dias dependem da nossa imaginação tanto quanto as sete chaves que quisermos (não) ver. é tempo de voltar sem descobrir diferenças e muito menos a chave.

quedar a queda


não se pára esta queda com outra queda. não se pára esta queda sem as devidas forças. não se pára esta queda se se parar nessa queda.


fotografia de Abbas Attar

saudades do futuro



em dia de finados... saudades do futuro. porque não recordo passado, nem vivo presente onde encontre bom senso, competência, talento, juízo, honestidade, bom critério ou vergonha.

e u são? 

257 anos depois, novo sismo e muita cisma



A 1 de Novembro de 1755 Lisboa é abalada por um sismo. A catástrofe leva Voltaire à escrita de Candide, ou l'Optimisme e a uma pergunta feita por Pangloss, na chegada a uma capital destruída: “Qual poderá ser a razão suficiente deste fenómeno?” Então como agora não sabemos responder. Então como agora as soluções dos sábios para a ruína do país são optimistas e de quem vive num melhor dos mundos que não o mundo dos que dirige.

“Depois do tremor de terra que destruiu três quartas partes de Lisboa, os sábios do país não encontraram meio mais eficaz para prevenir uma ruína total do que oferecer ao povo um belo auto-de-fé; foi decidido pela Universidade de Coimbra que o espectáculo de algumas pessoas queimadas a fogo lento, em grande cerimonial, era um infalível segredo para impedir que a terra se pusesse a tremer.”

um orçamento que é uma forma de nos reduzir a vapor...


















Uma das regras enunciadas por Foucault na obra "Vigiar e Punir" é a Regra da Certeza Perfeita, "aquilo que os juristas chamam “certeza da pena”: quem erra, deve saber preventivamente que será quase que certamente punido, e oportunamente seria, por outro lado, abolido o poder de graça, tradicionalmente reivindicado pelos soberanos". Nestes dias em que a certeza perfeita é que eles sabem que estão a errar (até porque sabem que podem melhorar...) e sabem que não têm pena de certeza, fica o lamento por não os termos vigiado e a séria dúvida de ser possível puni-los quando (e se) sairmos desta nova prisão.

"Machine à vapeur pour la correction célérifère des petites filles et des petits garçons. Les Pères et Mères, Oncles, Tantes, Tuteurs, Tutrices, Maîtres et Maîtresses de Pensions et généralement toutes les personnes qui auraient des enfants paresseux, gourmans, indociles, mutins, insolens, querelleurs, rapporteurs, bavards, irreligieux ou ayant quelque autre défaut, sont prévénues que Mr Croquemitaine et Mme Briquabrac viennent d'établir dans chaque chef-lieux de mairie de la ville de Paris une machine semblable et qu'on reçoit tous les jours dans leurs établissements, depuis midi jusqu'à deux heures, tous les méchants Enfants qui ont besoin d'être corrigés. MM. Loupgarrou, le charbonnier Rotomago, Mange sans faim, et Mesdames Penthere furieuse, Ganache sans pitié et Bois sans soif, amis et parents de Mr Croquemitaine et de Mme Briquabrac, établiront sous peu de semblables Machines pour être envoyées dans les villes de Province et s'y rendront eux mêmes incessamment pour en diriger l'éxécution. Le bon marché de la correction donnée par la Machine à vapeur et les surprenans effets qu'elle produit engageront les parents a sans servir aussi souvent que la mauvaise conduite de leurs enfans pourra le nécessiter. On prend aussi en pension les enfans incorrigibles, ils sont nourris au Pain et à l'Eau. Gravure de la fin du 18e siècle."

bichos de (más) contas














saber fazer contas não é saber matemática. e nestes dias de debate de um orçamento de estado feito de contas de subtrair e dividir acrescento que quem só sabe fazer estas contas não sabe nem de matemática nem de humanidade.


sandy vs glinda























com um empurrão do furacão sandy que ameaça nova iorque (e a bolsa e o fmi...), regresso a histórias de bruxas e feiticeiros para perceber a nossa tempestade actual. aterro na desigualdade de géneros com as bruxas feias más velhas antipáticas e os feiticeiros sedutores elegantes inteligentes enigmáticos e agarro-me às verrugas, aliás, às excepções: o conforto das bruxas boas que as há. a do "feiticeiro de oz" chamava-se glinda, aqui chama-se renegociação. uma luta entre a refundação da sandy e a renegociação da glinda. que ganhe a boa.





depois não me espanta que tenha ficado como fiquei | episódio 11











último ano de dia livre para um trabalho de véspera que só pode ser feito em família e de preferência por irmãs. a limpeza do lado de lá do chão dos nossos antigos é limpar-nos abrasivamente do medo da queda presente.


Volver ao Almodovar...

sem saber para onde vamos, mas a ter de ir














um assustador título diz que 1,8 milhões de portugueses estavam em risco de pobreza em 2010 antes ainda da permanente sexta-feira 13 em que vivemos. e sabem, dizem que os gatos pretos não dão azar se não estivermos em jejum. mas é o jejum que é maior do que qualquer outro azar maior, por aqui.

You can't always get what you want / And if you try sometime you find / You get what you need
















o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque o que quero pode não ser o que preciso que até pode ser que não tenha e que posso até nem querer porque podem passar 50 anos entretanto.


Rolling Stones, fotografia de Jerry Schatzberg, 1966

heteropsicografia

















Era de boa pessoa dizer que era má pessoa, certamente. E era por fingir (e tão completamente e tão verdadeiramente e tão apaixonadamente) que não era boa pessoa - porque era boa pessoa, certamente - que era... má pessoa. E os que o viam a ser a má pessoa que não era, só o viam porque liam o que eram e não viam o que não eram: boas pessoas, certamente.

há filmes assim. começam antes e acabam depois...



















(resmungo de quem vê as campanhas publicitárias antes do filme começar e os genéricos até ao fim)

um refrigerante de limão com pouca limonada que num cruzamento entre o "Easy Rider" e o "Virgens Suicidas" garante um alemão Verão de 'Ich Liebe Dich' e é o mais próximo de um manifesto político que se consegue numa sala de cinema perto de nós, actualmente... um tablet transformado num tapete mágico que permite um mudar de vida (despedir-se em tempos de desemprego; conseguir vender a casa na altura dos incumprimentos vários; trocar o carro bom por uma carrinha de muito consumo em poucos quilómetros e evidentemente poluente) sem a boa fantasia de ser de fantasia que vivemos mil e uma noites. e um telemóvel que conhece tão bem os seus utilizadores que sabe que eles não estão ali  - "provavelmente não vais ver este anúncio até ao fim, vais para a net, para o chat, enfim, estás-te a caga... por isso, 'bora lá directos ao assunto. ... se quiseres, aproveit. se não, continua a ver anúncios".
tudo precisamente antes de um daqueles filmes que deve mesmo ser visto até ao fim. mesmo depois do fim aparente. mesmo depois do fim. porque há sempre uma música que fica...

teremos sempre o cinema. o filme é que fica para amanhã...

diz-me como cortas...























a nossa humana capacidade de regeneração é feita por uma cicatrização que depende dos cortes... muito ao de leve, corte de papel, dói e arde e não se vê... muito profundo, visível ou invisível, público ou privado, pode não deixar nada para regenerar... nos cortes temos de estar atentos ao onde, à  faca e a quem a segura. e se é mesmo ali que devem ser feitos, é evidente...

um Metrópolis angolano























A cidade feita por chineses em Luanda, que tem tudo menos pessoas, recordou-me a cidade do futuro (nosso presente) imaginada por Fritz Lang. Em tempo de trabalhadores-escravos, construir cidade para uma classe média inexistente, é ficção científica do melhor... E assim, com as fitas do petróleo, os filmes resistem e as vidas desistem-se.


depois não me espanta que tenha ficado como fiquei | episódio 10




















o que mais me interessa no simular ficcionadas e adulteradas e mesmo falsas histórias é que sejam verdadeiras. num tentado regresso à terra de origem (não, não é essa...) encontrei — num pequeno restaurante-casa particular-bar associativo com pessoas de há três décadas talvez por isso ainda sorridentes e vestidas com exteriores camisolas interiores aos buraquinhos — um livro. nota confessional: reacção primeira a um (novo ou velho) livro: posso tê-lo? não mo deram porque perceberam que eu já o tinha e nunca o vou perder... e do fim se fez um princípio. regressei a casa. outra vez.

Stille Nacht


















A "Noite Feliz" a que a Troika ainda não chegou é de origem austríaca, com o título alemão "Stille Nacht" ("Noite Silenciosa"). Na passagem para francês ficou uma "Noite Doce". Num paralelismo para a situação europeia actual, às versões cantadas por Merkel e Sarkozy, juntar-se-ão uma italiana "Noite Farta", uma espanhola "Noite Rica" e por aí adiante... A versão inglesa "Silent Night" foi também só para enganar: ninguém silenciou Cameron...

a imagem é a letra original de Joseph Mohr

um destes dias


















sair de casa para uma rua feia, porca e má; com prédios a cair, intercalados por reabilitações de fim de semana; mal limpa, mesmo quando limpa; desabitada de pontos de apoio para satisfação das necessidades mais básicas; espaço de memória de vida transformado em cemitério; a abarrotar de casas abandonadas ou entaipadas em obras de purgatório sem destino outro que o de arrendamento em infra-condições; cheia de caminhos sem pessoas mas com muitos gatos, já nem os cães ali passam... chegar à baixa à única hora em que estão pessoas (e carros): antes da abertura das lojas. pois... passar pela rua direita e presenciar o cavar, escavar e escavacar. das pessoas, das intenções e das pretensões, respectivamente. hoje não me apetece estar em Coimbra. a verdade é essa. e um destes dias...

"I told you so"


















Caspar: You can't say, "I told you so."
Tom: I don't say that and I don't like people who do.

em pleno "eu bem te disse" dito por muitos. demasiados? mais do que os que disseram? dito por demasiados que nada fizeram. ou de como colocar o chapéu em cima da cama dá azar; atirar o chapéu ao alto ainda deu mais. aos outros.

a fotografia é daqui e tal como o título, a citação e o tom do post é inspirada no "Miller's Crossing" dos Cohen.

Hortus Conclusus














depois de "arrasar" um jardim e de ter ido espreitar um jardim fechado por outro jardim é tempo de voltar à jardineira diária antes do jardim primeiro voltar a fechar

'A garden is the most intimate landscape ensemble I know of. It is close to us. There we cultivate the plants we need. A garden requires care and protection. And so we encircle it, we defend it and fend for it. We give it shelter. The garden turns into a place. / Enclosed gardens fascinate me. A forerunner of this fascination is my love of the fenced vegetable gardens on farms in the Alps, where farmers’ wives often planted flowers as well. I love the image of these small rectangles cut out of vast alpine meadows, the fence keeping the animals out. There is something else that strikes me in this image of a garden fenced off within the larger landscape around it: something small has found sanctuary within something big. / The hortus conclusus that I dream of is enclosed all around and open to the sky. Every time I imagine a garden in an architectural setting, it turns into a magical place. I think of gardens that I have seen, that I believe I have seen, that I long to see, surrounded by simple walls, columns, arcades or the façades of buildings – sheltered places of great intimacy where I want to stay for a long time.' Peter Zumthor, May 2011 Serpentine Gallery

Enclosed garden in Roman de la Rose (from BL MS Egerton 1069, ca. 1400)

Il faut ARRASAR notre jardin



















A minha notícia do dia é sobre os Jardins do Mondego. Mesmo que por um só dia, quis acreditar... Não cheguei à hora de almoço. Porque não há almoços grátis? Esta (vontade de) ingenuidade não surpreende, dois dos meus livros são a "Bíblia" e o "Cândido"! E compreende-se que não me devo espantar com esta minha persistente vontade de acreditar que podemos viver no melhor dos mundos que (dizem-me) é noutro mundo em que (já) não acredito. Hoje, e cada vez mais, apetece-me arrasar jardins.

Nathan Coley

na raiz doutra árvore da vida























lá por casa o domingo sempre foi dia de trabalho, a folga era à quarta-feira que era então dia de família e dia de cinema à noite na televisão. e hoje, tal como uma das "personagens" do Pessoa, entretenho-me a olhar para esse passado porque é belo, é falso e é inútil. ou talvez não... desenterrei as raízes de um dos obsessivos rotineiros costumeiros manientos caprichosos vícios isabelinos: o domingo-dia de trabalho para ser domingo-primeiro dia tem de ser domingo-dia de cinema. vou ver a outra árvore da vida.

"Anatomia auri", J. D. Mylius, Frankfurt, 1926.

da necessidade de reagir, rasgar, rugir, ranger, rojar, romper, reparar, reunir, resgatar, resistir, rechinar, ... e rir.



















"Se o sofrimento e a dor aparecem de uma forma óbvia, paramos imediatamente de procurar a felicidade e o prazer e começamos apenas a preocuparmo-nos em escapar à dor e ao sofrimento."

A. Schopenauer, "A arte de ser feliz"

X



















O meu (nosso?) mapa de tesouro, nesta história de demasiados piratas, foi encontrado numa obra de Lewis Carroll (tinha de ser, tinha de ser...) e é um mapa de um oceano, sem qualquer cruz assinalada num vasto nada.

Ilustração de Henry Holiday, para ‘The Hunting of the Snark (An Agony in 8 Fits)’ de Lewis Carroll.

de votar



















ontem passei todo o dia numa mesa de voto: a secção nº5, da junta de freguesia da sé nova. e quando, às seis e meia da manhã, me dirigia para o local, planeei tomar nota de todas as ocorrências curiosas, para escrever aqui um dia isabelino de eleições. mas o significativo de ontem, ali, foi que enquanto estava a "dar baixa" de cada um dos possíveis 1000 votantes nos cadernos eleitorais, encontrei nomes de pessoas que conheço e não vi. mais, os "meus" eleitores eram dos mais novos no antigo liceu e na minha mesa de voto a abstenção foi quase de 50%. o desânimo cresceu (e havia depois do fecho das urnas de ser ainda maior) e ao percorrer as 50 folhas com 20 eleitores cada, tentei várias explicações mas não consegui. não compreendo. não consigo compreender. estas pessoas devotas de não votar esperam o quê, agora?

O Século Ilustrado, nº 511, 18 de Outubro de 1947

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